Eu amo-Vos Jesus pela multidão que se abriga dentro de vós, que ouço, com todos os outros seres, falar, rezar, chorar, quando me junto a Vós.
TEILHARD DE CHARDIN

sexta-feira, 30 de março de 2012

o grão de trigo

O grão de trigo para dar fruto tem que morrer...de morte sangrenta na cruz,nas arenas de Roma ,na mira de uma espingarda ou de morte continuada ,por renúncias sucessivas,em dias cinzentos de rotina . Parece paradoxal ,como programa de vida a adoptar, se Jesus nos anuncia uma vida em abundância e uma alegria completa.

O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância. (Jo 10,10) Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. (Jo 15,11)


Mas Jesus habituou-nos às contradições desde que quiz passar pelo ventre de mulher,absolutamente inerme e sem defesas.Ele o Criador,o Todo Poderoso,o Deus forte,Adonai,Princípe da Paz,como referia Isaías. Não nos tinha já avisado Simeão. 

34. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições.Lucas 2

Talvez a resposta seja que é esta a unica Fé em que Deus procura o homem e o acompanha em todos os momentos de dor a que a humana condição o sujeita,em que Deus serve o seu povo,em que o liberta de cultos e rituais asfixiantes,que tem sede da sua própria criatura acolhendo quem Dele se aproxima vindo de todas as latitudes ou vivências. 

A única Fé,que para celebrar o Amor,reverte o fracasso em vitória,transforma a morte em vida eterna para aqueles que se oferecem em serviço ,no obscuro de uma vida entregue,seguindo o Mestre na sua forma misteriosa de celebração.

quarta-feira, 28 de março de 2012

...pequeninos...


O que fizestes  a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes". (Mt
25,40)

S.João da Cruz canta, com um toque de paixão, o amor esponsal entre a alma e Deus.

Não é por acaso que ele pediu q em vez da oração dos agonizantes lhe lessem o Cântico dos Cânticos ,na hora da morte.

Mas este amor esponsal é diferente do humano , que se esgota em disfrutar a pessoa amada...

No amor a Deus e de Deus a sua dimensão é tal que tem a alma,como no mandamento supremo ,de celebrar núpcias com Deus-Totalmente Outro e com Deus-nos pequeninos.

terça-feira, 27 de março de 2012

...a água viva

Como a corça anseia pelas águas vivas, assim minha alma anseia por vós Senhor (Sl. 41-42)

Todas as interrogações, as inquietações e até as negações são fruto de uma marcação originária do ser humano criado para o Infinito e que possui um genoma de infinito.

Todo o orgulho, arrogância, prepotência é como o negativo da extrema dignidade do homem...o contra -luz da sua semelhança com Deus.

Possuidor de um tempo para viver em que a pessoa não cabe, projecta-se sempre para um horizonte ,que o ultrapassa ,inquieto,interrogando-se quem é,de onde vem e para onde vai .

Perguntas impressas no seu adn e que não consegue anular por mais que avance na ciência,por maior desenvolvimento que alcance na tecnologia.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Nova Evangelização

Não que o Evangelho se faça novo.Ele é o Senhor Jesus,o Logos Eterno. "Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade". (Hb 13,8).Mas há que O anunciar de maneira nova,adoptando os meios ,que a nova tecnologia, com a sua influência sobre a comunicação, oferecem.

Sem arrogância, como o diz o cardeal de Bruxelas, há que descer à rua,há que proclamar que Cristo se interessa pelos homens,que não desfalece nunca o seu ministério salvador.

E dizê-lo nas várias formas em que se manifesta o nosso Deus :pela Beleza,pela Arte,pela Ciência,pela Cultura e pela maior das Suas manifestações,a do Amor.

A necessidade de ser acolhido,de ser ouvido,de ser apoiado constitui uma das maiores necessidades , numa sociedade em que o isolamento e o abandono abrem feridas profundas.Mostrar ao outro que não está sòzinho,que tem Quem o ama,na fidelidade permanente,sem preconceito ou reserva e ,em nós próprios,também, é partilhar a missão salvadora de Jesus.O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida - (1Jo 1,1)

Não estás longe do Reino dos céus-respondeu o Senhor, na sequência do que lhe fora dito: 33. E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios.Mc 12.

sábado, 24 de março de 2012

Vivo ! Actuante!


Nós que recebemos toda experiência dos Apóstolos dos encontros com o Ressuscitado até à descida do Espírito compreendemos e cremos que Cristo vive e que continua presente nas nossas vidas com as marcas da nossa humanidade.

Com Ele os dias sombrios têm mais sustento no canto dos pássaros,nos lírios do campo,na mãos dadas que não esperávamos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sempre "de partida"

Quando Jesus terminou estas parábolas,partiu dali." Mt 13,53 
 "Após ter dado instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu para ensinar e pregar nas cidades daquela região". (Mt 11,1) 
  


"A essa notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu a pé". (Mt 14,13) 

 "Passados os dois dias, Jesus partiu para a Galileia". (Jo 4,43) 
 "1 Depois, ele partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos.  (Mc 6,1) 

 Nada nos pertence..tudo é dado e pode ser tomado...caminhar,partir sempre mesmo que estejamos parados ...não estacionar nas nossas certezas,nas nossas seguranças,na nossa sabedoria,na exclusividade dos nossos afectos... É-nos pedida uma partida constante para atingir as águas profundas...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Adultério


Livro de Jeremias,capitulo 2

9 e não ficou envergonhada.  Ela manchou a sua terra porque cometeu adultério, adorando pedras e árvores


Sempre que adoramos os nossos ídolos de egocentrismo, dinheiro, poder, sucesso, soberba, cometemos adultério, porque Deus nos ama, com um amor esponsal e traímos esse amor.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Retiro na cidade - Ama !

A Palavra de Deus


“ Amai-vos uns aos outros como eu vos amei ”


Evangelho de Jesus Cristo segundo São João, capitulo 15, versículo 12





A meditação

Este mandamento é talvez o mais conhecido ,o que resumiria mesmo toda a nova Lei. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Habitualmente insiste-se na segunda parte, e se tudo está contido em”como eu vos amei”, é justamente para melhor nos indicar que não se trata do nosso sentimento ,aquilo que nós, que nós chamamos amar.Uma manhã amo-te, noutra manhã  já não te amo. Isso não se manda. Lamento. Adeus. Não me queiras mal.


O amor que Jesus nos manda escolher, o amor com que nos amou, não tem muito a haver com este sentimento fugaz, fora do nosso controle, que nos possui mais que nós o possuimos.
Este sentimento fugaz que achamos tão belo quando passa na nossa vida, é bem uma pálida figura deste outro amor que está preparado para morrer para não renunciar a ele mesmo.


 Portanto, estes amores, desajeitados e frágeis, permitem não nos mentirmos a nós próprios quando dizemos que amamos com o amor de Cristo.  Se os nossos amores nos dão asas, quanto mais amar deste amor que nos manda Jesus nos devia fazer voar mais alto.Se os nosso amores fazem parecer nada todos os desgostos por que passamos, como muito  mais amar “como Cristo” nos devia impulsionar a dar a nossa vida.


Bem mais,os nossos amores desajeitados podem ser para nós uma primeira etapa em relação ao nosso objectivo,esse objectivo de amor que Jesus nos ordena de atingir.

Traduzido de
http://www.retraitedanslaville.org

domingo, 18 de março de 2012

Retiro na cidade - Levanta os olhos,fixa o objectivo

A palavra de Deus

“Da mesma forma que a serpente de bronze foi elevada por Moisés no deserto, assim é preciso que o Filho do homem também o seja”
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João, capitulo 3, versículo 14
A meditação


Sou fascinado há muito tempo pelos verbos no imperativo utilizados por Jesus no Evangelho . As ordens que nos dá . Acredita-se por vezes que o cristianismo não são coisas para fazer. Não estou assim tão certo.


Por exemplo,”fazei isto em memória de mim”. Certamente que entendo que é preciso acreditar no mistério da Eucaristia, que é preciso participar na missa com todo o seu coração. Certamente. Mas entendo também que é preciso ir à missa porque ele disse, porque é preciso irmos lá, simplesmente. Não como o fruto do que sinto. Para mais, é melhor não perguntar o que sinto domingo de manhã no quentinho da minha cama, sobretudo no Inverno.


Não digo que temos que fazer as coisas por pura obrigação, mas por demasiadas vezes deixa-mo-nos levar pelos nossos sentimentos e as coisas que temos que fazer não as fazemos. Sob o pretexto que não se compreende, que não se sente, que não estamos a fundo nelas, deixa-mo-las para trás. Encontram-se justificações. As nossas impressões passageiras dominam-nos e impedem-nos de viver o que queriamos viver. 


Por exemplo a ordem de ir anunciar a palavra de Deus e de baptizar as nações é também bastante clara. Não digo que seja totamente unívoca e que todos devamos fazê-lo da mesma maneira. Cada um deve encontrar a sua própria maneira de o fazer. Mas de qualquer maneira, não para se esquivar, mas para o fazer bem.


Mas o mais fascinante, realmente,  são ordens como:”Amai!” ou ainda “Alegrai-vos! “.De repente, muda-se de dimensão.Tanto me ponho a perguntar como evangelizar na minha vida de todos os dias, tanto me é difícil obedecer à ordem de amar ou de se alegrar. 


Vá lá,ama! Vá lá,alegra-te! E ainda há mais, como por exemplo quando Jesus diz a Tomé : ”Crê”, quando diz ao paralítico ”Cura-te” ou aos discípulos “Não tenham medo”. Aqui está o que é realmente fascinante, porque fica claro que não se trata mais do nosso sentimento , daquilo que se sente de amor ou de ódio, de medo ou de confiança . Podem dizer-me, posso bem forçar-me a parecer que amo e durante um tempo posso convencer-me que amo, mas esse amor, é bem medíocre, se isso ainda se pode chamar de amor. Para alguém que tenha medo, não chega dizer-lhe “não tenhas medo”, e ainda mais a alguém triste “alegra-te!”. A comédia arrisca-se a não durar muito tempo.


Então qual é este amor que nos é mandado por Jesus, de que alegria, se trata, se não de uma alegria e de um amor objectivos, que podem escolher?.  Manda-nos amar, ser felizes, curar e não ter mais medo. Que faremos?  O que respondemos? ”Senhor, Senhor”, tentando convecer-mo-nos que amamos, que somos curados e felizes?


Com efeito, tenho a impressão que a maior parte das vezes ignoramos estes mandamentos, não os tomamos muito a sério, ou esperamos que se realizem sem  que mexamos uma palha.Ou ainda mais , choramingando que somos infelizes, sós, feridos e sem amor.
Pelo contrário, penso que temos que levar estas ordens muito a sério e escolher sempre amar, ter fé, curar e não ter medo. Escolher ser feliz. Fixar o objectivo, apesar das tempestades, dos sentimentos interiores tantas vezes contraditórios, as crises dos nossos bons velhos demónios tão nossos conhecidos.


Tempestades e acidentes sempre houve e haverá. Não importa quem o sabe. Mas sei também que nunca encontrarei a felicidade, a cura, o perdão,  se deixar a minha barca à deriva na corrente. E sei mesmo muito bem o que encontrarei se me deixar ir à deriva. Não encontrarei senão o que levo comigo na minha barca : eu, eu-eu-eu . E nada de muito válido para aguentar uma tempestade. Conhecem pessoas que nunca cruzaram uma tempestade ? O que espera que as condições metereológicas sejam favoráveis arrisca-se a esperar tempo de mais para se fazer ao mar.


Aqui está o que é para mim essa misteriosa serpente de bronze levantada no deserto e que curava os que a olhavam. Aqui está o que é a ressurreição de Cristo. Um objectivo a fixar,a manter. Afasta-mo-nos por vezes, perde-mo-nos também, mas voltamos a nos encontrar. Aprende-se com os erros. E reerguemo-nos com os olhos presos ao objectivo.
  
Como meteste a alegria na tua vida? Escolheste fixar como objectivo o amor? Um amor objectivo, verdadeiro, luminoso, que está pronto para morrer para não renunciar a si mesmo. 
“ Como eu vos amei. ”



Traduzido de

sábado, 17 de março de 2012

Retiro na cidade - O templo de Deus, és tu.

A palavra de Deus

 "Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito?"

Primeira Carta sos Corintios,capitulo 6,versículo 19

A meditação




(foto da net)

Hoje convido-te para uma visita em profundidade, do género mergulho submarino.Em vez de vestir o fato e colocar a máscara e de segurar aparelhos sofisticados, podes-te sentar num canto do teu quarto (não muito próximo do teu monitor demasiado tentador). Fecha os olhos. Respira docemente,tranquilamente. Repousa as tuas mãos nos joelhos ou simplesmente cruza-as. Podes também segurar um terço : permite que nos concentremos.


Atenção, mergulho ! Ultrapassas as tuas preocupações, as tuas questões, os teus medos.Se estás cheio de imagens em frente dos olhos, não te detenhas nelas, continua a descer para o silêncio.

O que vai abrir o ouvido do teu coração, é que desejas escutar, ouvir a voz do Senhor, Daquele que te ama. Fica em espera, como em suspenso, e abre o teu coração à Fé : O Senhor está lá, no templo do teu coração. Espera-te porque o seu Espírito te precedeu. Está vivo sempre em ti e murmura : " Abba, Pai ".

 Estás lá, Ele está lá, isso chega. O templo de Deus, és tu. Podes pronunciar o Nome de Jesus calmamente seguindo a tua respiração. Vai-te purificar e iluminar-te no fundo do coração.

Então para voltar à superfície, podes dizer lentamente : " Pai nosso que estás nos céus, que o teu Nome seja santificado ". Bom dia para ti e para todos que te encontrem. 


Traduzido de

quinta-feira, 15 de março de 2012

Retiro na cidade - a nascente vivificante

A Palavra de Deus

"O homem mediu mil metros cúbitos,era uma torrente que não pude atravessar,porque a água aumentou para se tornar uma água profunda,um rio intransponível"

Livro de Ezequiel ,capítulo 47,versículos 5-6

A meditação

Entrámos no grande edifício que é o Templo,de mãos vazias para aí encontrarmos a presença benfazeja de Deus.Mas hoje ,não estava em causa, fechar-se lá dentro porque o Templo abria-se ,por si mesmo, para dar a vida.


Com o profeta Ezequiel (no capitulo 47,versículos 1 a 12),um homem-talvez um anjo!-apanhou-nos pela mão e fez-nos sair.Deixemo-nos agarrar pela nascente que  
sai do Templo para se tornar uma corrente,  que irriga as terras áridas da humanidade .É uma corrente impetuosa ,uma força vital.Meter-mo-nos nela é bem menos seguro que ficar no nosso fofo ninho.Mas o homem está lá para nos guiar e nos guardar.Não seremos engolidos.!



Como medir esta força indomável que vem de Deus e que quer vivificar tudo? Nas margens as árvores carregam,inesgotáveis,os frutos para nos alimentarmos ,as folhas para fazermos remédios.


Do lado de Jesus,levantado na cruz,jorrou água e sangue (João,capitulo 19,versículo 34).Deste novo templo a nascente verte para irrigar o mundo.É a água viva prometida por Jesus ,o Espírito Santo que vem para fazer frutificar os lugares áridos e quase mortos das nossas existências e do nosso mundo.Desde a Cruz,o perdão é o remédio ,o corpo entregue alimento.Para que a vida jorre.


Saíamos do Templo e sigamos esta corrente que nos liga para sempre à fonte. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

Retiro na cidade - Um dom não tão louco como este



A palavra de Deus

"Deu tudo o que tinha para viver"




Evangelho de Jesus-Cristo segundo São Lucas,capitulo 21,versículo 4





A meditação


Um dia em que estava no Templo,Jesus observava as pessoas que vinham deitar a sua oferta na caixa das esmolas.E presta atenção àquilo que ,certamente,teria passado despercebido aos nossos olhos.No meio de todos os ricos que depositavam grandes somas ,a pessoa que ele reparou ,foi uma viuva miserável que apenas meteu duas moeditas. Para Jesus este gesto teve infinitamente mais valor que o dos ricos.Porque eles contentavam-se em dar o supérfluo enquanto que ela,ela dava tudo o que tinha para viver.Na casa do Pai,a questão não é "deslumbrar o vizinho" por actos ou dons grandiosos .Os pequenos gestos para Deus ou para os nossos irmãos tocam infinitamente o coração de Deus.


Vamos ainda mais longe.Jesus não podia deixar de ver a dádiva  da viuva.Porque não se tratava de um simples óbulo enquanto passava.Esta viuva deu tudo,não guardou nada para ela.Gesto insensato,para nós que temos muito mais a tendência para multiplicar os seguros de vida.!Mas será assim tão seguro?Como Cristo se prepara para fazer,ela entrega a sua vida entre as mãos e Deus.E ela tem realmente razão a julgar por aquilo que resulta  da morte de Jesus.Renunciando à sua pobre vida por Deus,a viuva tem todas as hipóteses "de encontrar a vida ...em abundância" !

terça-feira, 13 de março de 2012

Retiro na cidade - a casa dos pequeninos

A Palavra de Deus

"A minha casa será chamada uma casa de oração"

Eangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus,capitulo 21,versículo 13

A meditação


(Israel - no deserto)
Olhemos para a cena dos "mercadores expulsos do templo" contada por São Mateus .É diferente da versão de São João ouvida no Domingo .Encontram-se
certamente os vendedores de pombas e os cambistas de moedas.Fazem parte do cenário.Mas há também cegos e coxos e-é ainda mais estranho- um bando de crianças .Estavam fora,misturadas na multidão e continuavam a gritar:"Hossana ao Filho de David !" Havia de que irritar "os grandes do templo"! Eles eram os que sabiam os ritos desse lugar.Mas será que os saberiam de verdade? Não parecia muito certo.E habilmente,Jesus fá-los perceber ,citando uma oração de um conjunto que lhes era  familiar:o livro dos Salmos:"Pela boca dos pequeninos e das crianças preparaste um louvor"(Salmo 8). 



Os "grandes"são logo remetidos para a função principal do templo:o louvor.O templo é a casa dos "pequeninos",porque para louvar a Deus e reconhecer as suas maravilhas ,é bom ser como crianças.Os pequeninos ,segundo o Evangelho ,são os que se abandonam ao amor do Senhor e Nele confiam inteiramente.Ele inclina-se,para os ouvir.Com os pequeninos podemos iniciar o louvor e balbuciar o salmo :"O Senhor defende os pequeninos :era fraco e Ele me salvou".Digamos à nossa alma"Entra no repouso" porque o nosso repouso é Cristo

segunda-feira, 12 de março de 2012

Retiro na cidade - a casa do olhar


A Palavra de Deus
"Não sabem que preciso de estar na casa do meu Pai?"

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas,capitulo 2, versículo 49
A meditação



Sentir-se em sua casa,é o sonho de felicidade de muitos.Na nossa casa,é o lugar onde nos encontramos em segurança,onde podemos ficar,despir as aparências que a vida nos obriga muitas vezes a assumir.Um lugar onde se pode ,finalmente,ser nós próprios.Sob formas diferentes toda a gente o procura.Exerce sobre nós uma atracção irresistível.
Jesus,mesmo,não resistiu ,subiu a Jerusalém com os seus pais.Desde que pisou o Templo de Deus ,soube que era ali que devia  estar,como um fato talhado à medida.Soube-o tão bem que,que quando a caravana regressou a Nazaré,permaneceu.E foi preciso tempo para o encontrar de novo.
Não eram as belas pedras que o fascinavam ,mas a presença que habitava nesse lugar,a de Deus seu Pai.Aí recebia a única coisa que faz viver :um olhar de amor.Porque toda a gente sabe que paredes não chegam para fazer um lar.É preciso alguém.Para me acolher,para me olhar.
Deus lança um olhar de amor sobre cada um de nós em particular .Há lugares,por vezes inesperados,onde isso se sente.Reflecte-se nos olhares que cruzamos a cada dia,como a luz no prisma do arco-iris.Não há necessidade de ter meios de construção, para se encontrar em casa.Podemo-nos sentir em casa no meio de pesoas que não falam a nossa lingua,mas que, nos seus olhos, acolhem com hospitalidade.A única condição,é aceitar acreditar nisso.

domingo, 11 de março de 2012

Retiro na cidade - quem está à porta?

A palavra de Deus

"Levem isto daqui!"

Evangelho de Jesus Cristo segundo S.João,no capitulo 2,versículo 16

A meditação


Uma porta que se abre,a do Templo de Jerusalém.Por momentos,há gente mas ninguém atende.Está cheio de mercadores e de animais,que piam e balem.Um pouco como em nossa casa, um pouco como nos nossos corações onde acontece que tudo se agita,tudo se embrulha e zim bu bu ,faz barulho mas é o vazio que ressoa.Pode-se estar demasiado ocupado para lá estar,incapazes de ouvirmos quem bate à porta,quem pergunta se está alguém.

No templo Jesus entra com estrondo Está na sua casa,na casa de seu Pai nesta Casa que se chamava em tempos antigos"a Tenda do encontro".Mas,como se encontrar no meio de tanta algazarra,de tanta agitação?.Jesus fala alto,deita abaixo bancadas e mesas com um chicote de cordas .É preciso afastar os mercadores e quem afasta é Ele! De um jacto,nós entramos no ambiente ,inesperado para aqueles que fazem uma imagem menineira e açucarada de Deus feito homem.


O violento é ele ,porque se há uma violência do ódio,também há uma violência do amor.Para nós que hoje lemos este Evangelho,o Senhor dos lugares faz uma grande limpeza.Há tantas coisas ilusórias,sufocantes ou simplesmente nefastas a afastar para que brilhe em silêncio a lâmpada do santuário do nosso coração.Deixemos Jesus libertar em nós o espaço da vida,da presença,do verdadeiro encontro,deixe-mo-lo abrir as portas do templo pré-fabricado das nossas idéias préconcebidas.Entregue-mo-nos ao seu Sopro que nos coloca ao largo da vida e  nos dá o entendimento da Palavra, que cumpre o que diz.Maria,a Mãe de Jesus,sempre discreta e presente ,está ao nosso serviço,a pedido,ela que nunca deixou durante a sua vida terrestre de guardar e conservar tudo o q via e ouvia,mesmo o mais estranho...


Prosseguindo a leitura do Evangelho ,depois de termos visto e ouvido a cena,pergunta-mo-nos porque,no fundo,Jesus se zangou tanto .Gritou:"Tirem isto daqui...não façam da casa do meu Pai uma casa de comércio!" (2,16). Deus,o Deus de Jesus Cristo,não é um vendedor de benefícios,dá sem cálculos,por puro amor. A sua porta está aberta "noite e dia" para o acolhimento,a partilha,o encontro.! Lá onde não se faz pagar a entrada.Lá,onde há lugar para todos os que o procuram ,tanto os pobres como os ricos os simples como os  sábios e ninguém se empurra.Não é a multidão que congestiona  o Templo,mas o desprezo,o orgulho e a cupidez dos homens.Os mercadores são duplamente culpados:utilizam o Templo para os seus interesses e abusam da boa gente fazendo-lhes acreditar que Deus espera os seus sacrifício para se ocupar deles.!Os sacrifícios,para uns,dão resultados,para outros só custos!Para agradar a Deus ,era preciso ter obrigações bem firmes. É estar longe,muito longe de Deus,com tais idéias! No Antigo Testamento os profetas gritavam em seu Nome:É o amor que me agrada e não o sacrifício".(Oseias capitulo 6,versículo 6). Se Jesus fez uma grande reviravolta nas nossas vidas ,é para nos ajudar a descobrir como o seu Pai nos ama e como ele nos ama...Não nos esgotemos a calcular,não nos agitemos em vão,, mesmo, nesta boa causa.Os nossos irmãos têm tanta necessidade de presença,de ternura,desta luz que não cega, mas que acalenta o coração,destes gestos simples que dizem ao outro que existe para nós e que tem valor,o único verdadeiro. O Amor que nos espera é gratuito,permanente e jamais se impõe.Os mais humildes são os primeiros a serem servidos...No Templo,a Bolsa não faz efeito,não se ouve senão bater o coração de Deus,em uníssono com o coração do homem.Há uma presença nova a descobrir quando o silêncio se torna perceptivel e quando,docemente,a paz se instala,ligeira e acolhedora.Paremos um pouco,demos atenção.Neste domingo,Jesus limpou-nos a estrada,abriu-nos perspectivas ,uma esperança. No Templo,libertado por Jesus,entra-se de mãos vazias.

sábado, 10 de março de 2012

Retiro na cidade - Viver o presente!


 A Palavra de Deus
"Trás-se ,por ventura, a lâmpada para a meter debaixo de um alqueire ou
debaixo da cama ?"
 
Evangelho de Jesus-Cristo segundo S.Marcos capitulo 4,versículo  21


A meditação

Depois do túnel,não adianta por vezes dizermos que se alcança a luz.Não a da experiência de morte eminente ,mas muito mais a das provas e desconcertos da existência ,no termo da qual o canto da Aleluia da Páscoa parece bem longe:ter-se-á feito o mal que tanto queriamos evitar ,e depois, tanta vezes, evitámos fazer o bem que se deveria, no entanto ,promover.Dito isto,não há senão desilusões de si mesmo e também dos outros para quem se tinha desejado o melhor:como por exemplo que encontrassem Jesus  ou simplesmente que a sua vida fosse feliz e de múltiplas maneiras ,fecunda à sua volta. 

O grande obstáculo a evitar é, desde sempre, considerar que a vida melhor é para mais tarde ,como se,aqui não tivessemos acesso senão a sucedâneos! As garantias da vida em Deus podem incarnar-se e serem partilhadas desde agora,como a experiência viva da amizade ou do banquete eucaristico para o  qual o Amigo divino nos convida.Não saberiamos ser a “geração-de-indiferença “ cristã! No dia do julgamento ,Deus poderia perguntar-nos: “antes de morrer será que estiveram vivos, na vida que vos confiei?”Um irmão dominicano disse-me um dia”Tu sabes,basta uma pequena luz numa sala às escuras para começar a afastar a escuridão” Eu acrescentaria :basta fazer nascer um primeiro sorriso numa cara  sombria ,para que o anúncio da transfiguração do meu irmão ,felizmente,se comece a desenhar 

Traduzido de

sexta-feira, 9 de março de 2012

Retiro na cidade - Não é o sofrimento que salva,mas o AMOR






" Não protegi a minha face dos insultos e dos escarros"

Livro de Isaías,capitulo 50,versículo 6


Meditação

Na Sexta-feira Santa ,a Santa-face de Jesus está desfigurada: submeteu a sua face aos escarros,cumprindo assim a palavra do profeta Isaías. Durante esta quaresma, e mais ainda, talvez nos dias da Paixão, podemos, não só unir-mo-nos, mas sobretudo fazer-mo-nos próximos daqueles cuja face está desfigurada. O mal que cometemos, o mal que suportámos, as desfigurações infligidas pelo tempo, as preocupações, as desilusões, os «tabefes» - se ouso dizer – da existência, acabam por nos associartanto ainda de bastante longe,tanto de muito perto  à face ultrajada de Jesus. Face ultrajada e no entanto «Face adorável».

No Monte Tabor, Jesus anuncia que deverá passar pela Cruz para ressuscitar: cada Sexta-feira Santa,  paramos neste aspecto sofredor das nossas vidas que nos prega com Jesus na Cruz. O sofrimento não salva por ele mesmo. É um abuso, ou uma força de expressão pretender que assim seja. É quando o sofrimento é atravessado, suportado, motivado pelo amor, como Jesus dando a sua vida na Cruz, que  pode desembocar numa nova vida, que falta ainda inventar, mas  que não queremos renunciar a que tenha  uma possibilidade real: é isso a fé! Nós cremos na vida eterna, o que não é exactamente a mesma coisa que saber que há uma vida eterna. A fé é um salto, como diz Bento XVI,  é um limiar que o dom gratuito de Deus nos permite transpor, mesmo na parte mais obscura das nossas vidas.



Traduzido de

quinta-feira, 8 de março de 2012

Retiro na cidade - Deus,em revelações fugazes


                                                                                                         (H.D.Johnson)
A palavra de Deus

"Na verdade,és um Deus que se esconde,Deus de Israel,salvador."

Livro de Isaías, capitulo 45,versículo 15
Livro de Isaías
A meditação
A Transfiguração sugere uma revelação:no Tabor,Jesus levanta o véu sobre a sua identidade e o seu destino aos discipulos que o seguiram.Na nossa vida,conhecemos desses momentos preciosos,como acalmias,onde temos a sensação de compreender melhor quem é o nosso próximo e o nosso Deus,como funciona o nosso mundo,o nosso ambiente.A felicidade é também assim,de uma beleza,de uma brancura,como a veste de Jesus,tão impecável,que não  queriamos deixar fugir "a rápida delícia dos mais belos dos nossos dias",como dizia o poeta.Mas não é possível.O princípio da realidade ,ou talvez Deus,impõe-nos que desçamos da  montanha ! Aquilo que agarrámos,o tempo de um santo estremecimento,escapa-se mais ainda.

A condição humana é feita assim.Alguns dos seus aspectos parecem apresentar-se sob uma luz apaziguadora e instrutiva;depois,noutros momentos,não se entende mais nada ,como se não tivessemos outra escolha que caminhar às cegas tendo confiança num Deus sentido,tanto como uma bússola,tanto como um ausente que nos abandona.Esta salganhada de luzes projectadas e de abismos desconcertantes coloca-nos na Cruz,que Jesus conheceu.Bem queriamos dispensa-la.Tentação suprema do diabo:"Sereis como deuses conhecendo o bem e o mal" (livro do Génesis ,capitulo 3 ,versículo 5).Esqueceriamos então que a Transfiguração indica desde já a passagem secreta que desemboca na visão de Deus.


Traduzido de

quarta-feira, 7 de março de 2012

Retiro na cidade (dominicanos) - Não há dois amores


A palavra de Deus
« Ninguém cose um pedaço de tecido novo num velho fato;porque o pedaço acrescentado repuxa o fato e ainda o rasga mais" 

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus,capitulo 9,versículo 16


A meditação
Na idéia de transfiguração está contida a idéia de mudança,indicada pelo pequeno prefixo "trans",que significa "passar através de".Passar não se sabe para onde ,mas em todo o caso,para alguma coisa de novo,que ainda não foi dita ou vivida ou conhecida.É a experiência de Abraão,deixando a terra natal para se dirigir a uma terra desconhecida,sinal de que ia no bom caminho (livro de Génesis,capitulo 12).
É um pouco o que nos desejo ao longo desta Quaresma :que alguma coisa se mexa ! Por exemplo ,na minha vida de Fé ou nos meus encontros,deixar a idéia blindada que tenho do meu Deus e dos outros.Viver uma espécie de êxodo ,à maneira dos Hebreus deixando o Egipto onde estavam prisioneiros.Algumas prisões são tão confortáveis,realmente!

Jesus toma a comparação do fato velho que se conhece tão bem que um novo nos parece inútil:aperta nas mangas,custa a habituar-mo-nos ao tecido,de tal forma que os defeitos do fato velho nos parecem de longe preferíveis.Bela imagem da vida cristã ! Atrever-se a um itinerário ,uma páscoa,uma passagem da morte à vida:Deus não nos dispensa de viver,de sentir,de experimentar e de amar.Como dizia o dominicano Lacordaire :"Não há dois amores",o de Deus de um lado e o dos homens de outro...Entremos na terra prometida ! Nesta terra,há que amar os que ainda não amamos,a acreditar naquilo que ainda ignoramos, e que esperar contra toda a esperança !

Traduzido de