Retiro na cidade - 2
Sobre um mal-entendido
«Bem-aventurados são os pobres pois é deles o Reino de Deus»
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas, Cap 6, vers 20
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas, Cap 6, vers 20
O
dinheiro não faz a felicidade, toda a gente sabe isso; mas o que os
pobres sabem muito bem, também, é que a miséria tampouco a faz. Jesus
não é a vítima de uma ilusão romântica: o que nos faz felizes, não é a
pobreza; é o Reino de Deus – mas são os pobres que o possuem. Pobres,
quer dizer aqueles que são desprovidos das seguranças reconfortantes do
mundo, privados do supérfluo que ocupa o coração em vez de o preencher. É
preciso isso exactamente para ousar fundar a nossa felicidade sobre
esta verdade simples: Deus ama-me infinitamente, sem condições. Este
tesouro está ao abrigo das crises, e o nosso próprio pecado não no lo
pode esconder: se nós o rejeitarmos, ele não estará nunca mais longe do
que à porta do nosso coração.
Mas
nós temos recebido bastante correio ou e-mails enganadores,
prometendo-nos ganhos mirabolantes em lotarias imaginárias ou
improváveis heranças exóticas, para não recebermos com prudência o
tesouro de um Deus que ama gratuitamente. Seria mais reconfortante ter
primeiro merecido este amor pelas nossas boas acções: o nosso pecúlio
não seria talvez muito grande, pois nem sempre agimos bem, mas
pertencer-nos-ia verdadeiramente; tê-lo-íamos ganho com o suor do nosso
rosto, e não recebido por um mal entendido.
Deus
não me ama pelo que faço de bom, mas por uma razão muito melhor, que
nada tem a ver com mal entendidos: Ele ama-me porque sou quem sou,
porque eu sou alguém infinitamente amável. E se me acontece muitas vezes
duvidar disso, Deus, ele mesmo sabe-o bem: ele me conhece como se Ele
me tivesse feito.
Traduzido de: http://www.retraitedanslaville.org/
Traduzido por Ana Loura
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