A Palavra de Deus
"Jesus ficou no deserto quarenta dias tentado por Satanás. Ele vivia entre os animais selvagens e os anjos serviam-no. "
Evangelho de Jesus Cristo Segundo São Marcos, Cap 1, Vers 13
Evangelho de Jesus Cristo Segundo São Marcos, Cap 1, Vers 13
A meditação
Logo que é baptizado, Jesus vai para o deserto. Ele vai enfrentar um ambiente hostil, onde não terá nada para comer, que o vai forçar a privações, que irá expô-lo aos animais selvagens. Como nós, ele vê chegar uma quaresma, e talvez ele cerra um pouco os dentes no princípio. Mas ao ir para o deserto, Jesus, regressa, também, às fontes do amor de Deus, e os anjos também o esperam. Com efeito, o deserto é a primeira etapa da viagem do povo hebreu, depois da sua libertação da escravatura no Egipto. Foi lá que ele fez a aliança com Deus, ali onde começou a prestar-lhe um culto. E o curso da história que nos conta a Bíblia, os profetas o convidaram várias vezes a voltar ao deserto, esse lugar de alianças, para reencontrar a frescura dos primeiros tempos do amor. Para nós também a montanha da quaresma apresenta esses dois lados: esforços a fazermos, uma certa disciplina, talvez sacrifícios, e depois um amor a ser reconquistado, uma presença a ser reencontrada, recordações a serem refrescadas. Será preciso escolher um lado e não o outro? Anjos ou animais selvagens?
Apesar de todas as criticas que teríamos para fazermos espontaneamente aos sacrifícios, talvez não seja preciso desembaraçarmo-nos deles com demasiada pressa, nunca antes de termos experimentado compreender de que se trata, nunca antes de os avaliarmos na escala da vida que Deus nos quer dar, e dar-nos em abundância. O que ele nos faz compreender, é que o sacrifício, é logo de princípio uma mesa. Na Bíblia, e até aos tempos de Jesus, se sacrificavam animais a Deus, se lhe ofereciam alimentos, não era porque Deus se alimentava, mas porque era uma ocasião para convidar para a mesa à qual seriam consumidos esses alimentos. Queriam aproveitar a Sua presença, dele que é o protector do Seu Povo, que traz sempre a bênção com Ele. Se Ele vem efectivamente, é porque se recorda de nós, não nos abandonou, a sua misericórdia, quer dizer, toda a sua atenção amorosa, continuará a acompanhar-nos: a essa mesa, é uma família inteira que pode acolher Deus: o sacrifício não é um acto individual, é um grupo que se reúne.
A vinda de Deus tece então laços humanos, ela reforça porque provoca. Enfim, todos sabem que o que é oferecido vem inicialmente de Deus, que distribuiu em primeiro lugar em abundância os bens da criação aos Seus filhos. Oferecer-lhe uma parte desses bens, não é recusa-los não é reembolsa-lo de uma dívida, mas é simplesmente um meio de Lhe agradecer, de Lhe dar graças, para retomar as palavras da Bíblia. É sobre aquele sacrifício que se enxertam os nossos sacrifícios cristãos. Mas Jesus fá-lo ainda evoluir. Ele dá-nos que nos reencontremos a uma mesa nova, a mesa da Eucaristia, à volta da qual nós nos reunimos na Missa. A essa mesa, nós já não somos os que convidam mas os convidados. Deus não desce até nós para partilhar da nossa refeição, mas Ele é esta refeição, do mais profundo da realidade do pão e do vinho. Já não é um corpo social que festeja o seu Deus, mas Deus que nos reúne no Corpo do Seu Filho. Tudo parece estar invertido, ter rodado, mudado de perspectiva, mas esta rotação faz-se à roda de um eixo que permanece fixo: o testemunho do nosso reconhecimento por Deus, um obrigada como um traço de união entre o Terra e o Céu.Esta novidade faz explodir o quadro dos sacrifícios religiosos, pois Deus revela-nos também que não vem ao nosso encontro simplesmente nas nossas cerimónias religiosas, ao interior de actos específicos. Ele não se deixa trancar nos nossos formalismos. Ele quer habitar entre nós todos os instantes das nossas vidas, estar inteiramente disponível. Cada perdão dado, cada ocasião de praticar a justiça, cada testemunho de amor, pode ser a ocasião de nos unir a Ele. Deus torna-se como o terceiro segredo de cada um dos nossos encontros. Nada nos obriga a falarmos da Eucaristia, nem de cada um dos gestos motivados pelo nosso amor a Deus ou aos nossos irmãos, como de um sacrifício. É apenas uma palavra, e pode ser julgada fora de moda. Mas mesmo que Cristo tenha renovado completamente a mesa onde Ele nos reúne, mesmo assim a palavra sacrifício já não é para ser compreendida com sonoridades mórbidas. Já não significa restrição nem divisão. Trata-se de entrar na dinâmica de Cristo, no movimento de conversão que unifica cada uma das nossas acções à dele. Tudo o que nos faltará então perder é o nosso egoísmo. Aquilo a que nos devemos subtrair é à nossa solidão. Do que precisamos de nos privar é do medo de Deus.
A vinda de Deus tece então laços humanos, ela reforça porque provoca. Enfim, todos sabem que o que é oferecido vem inicialmente de Deus, que distribuiu em primeiro lugar em abundância os bens da criação aos Seus filhos. Oferecer-lhe uma parte desses bens, não é recusa-los não é reembolsa-lo de uma dívida, mas é simplesmente um meio de Lhe agradecer, de Lhe dar graças, para retomar as palavras da Bíblia. É sobre aquele sacrifício que se enxertam os nossos sacrifícios cristãos. Mas Jesus fá-lo ainda evoluir. Ele dá-nos que nos reencontremos a uma mesa nova, a mesa da Eucaristia, à volta da qual nós nos reunimos na Missa. A essa mesa, nós já não somos os que convidam mas os convidados. Deus não desce até nós para partilhar da nossa refeição, mas Ele é esta refeição, do mais profundo da realidade do pão e do vinho. Já não é um corpo social que festeja o seu Deus, mas Deus que nos reúne no Corpo do Seu Filho. Tudo parece estar invertido, ter rodado, mudado de perspectiva, mas esta rotação faz-se à roda de um eixo que permanece fixo: o testemunho do nosso reconhecimento por Deus, um obrigada como um traço de união entre o Terra e o Céu.Esta novidade faz explodir o quadro dos sacrifícios religiosos, pois Deus revela-nos também que não vem ao nosso encontro simplesmente nas nossas cerimónias religiosas, ao interior de actos específicos. Ele não se deixa trancar nos nossos formalismos. Ele quer habitar entre nós todos os instantes das nossas vidas, estar inteiramente disponível. Cada perdão dado, cada ocasião de praticar a justiça, cada testemunho de amor, pode ser a ocasião de nos unir a Ele. Deus torna-se como o terceiro segredo de cada um dos nossos encontros. Nada nos obriga a falarmos da Eucaristia, nem de cada um dos gestos motivados pelo nosso amor a Deus ou aos nossos irmãos, como de um sacrifício. É apenas uma palavra, e pode ser julgada fora de moda. Mas mesmo que Cristo tenha renovado completamente a mesa onde Ele nos reúne, mesmo assim a palavra sacrifício já não é para ser compreendida com sonoridades mórbidas. Já não significa restrição nem divisão. Trata-se de entrar na dinâmica de Cristo, no movimento de conversão que unifica cada uma das nossas acções à dele. Tudo o que nos faltará então perder é o nosso egoísmo. Aquilo a que nos devemos subtrair é à nossa solidão. Do que precisamos de nos privar é do medo de Deus.
Traduzido de: retraitedanslaville.org
Traduzido por Ana Loura
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