Eu amo-Vos Jesus pela multidão que se abriga dentro de vós, que ouço, com todos os outros seres, falar, rezar, chorar, quando me junto a Vós.
TEILHARD DE CHARDIN

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Despertaremos vivos


Nas badanas do livro do Testamento do Pássaro Solitario está escrito que se mostram alguns rostos do autor, que não se conheciam.



O próprio autor refere que nesta obra de poesia desnuda a sua alma para que outros a sintam como sua também.

Foi esta entrega,já sem defesa,nem salvaguardas numa busca febril de Deus pela alma enamorada, quando a dor e a morte se aproximam que me tornou tão sensível a uma nova forma de escrever de J.Martin Descalzo .

Assim tento trazer à nossa lingua dois poemas do livro,que muito gostei:




No Fio da Luz


*
E então viu a luz.A luz que entrava
por todas as janelas da sua vida
viu que a dor precipitou a saída
e entendeu que a morte já não estava.
*
Morrer é só morrer.Morrer acaba-se.
morrer é uma fogueira fugitiva.
É cruzar uma porta à deriva
e encontrar o que tanto se buscava.
*
Acabar de chorar e de fazer perguntas;
ver o Amor sem enigmas nem espelhos;
descansar para viver na ternura;
*
ter a paz,a luz,a casa juntas
e descobrir,deixando longe as dores ,
a Noite-luz detrás de tanta noite escura.







Mais um poema dele:








Vivi,jogando a demasiadas coisas

a viver,a sonhar,a ser um homem.
Talvez nasça ao morrer,ainda que me espante
como nascem,sonhando-se,as rosas

*

Dá-me as tuas mãos misericordiosas

para que o coração se liberte

Diz-me se é certo que ao pensar no Teu nome

as crisálidas se tornem borboletas

*

Sei que os céus estão abertos

e ainda mais aberta encontrarei a vida

Já não seremos nunca mais cativos

Ganharemos,perdendo,a partida

E,já que vivemos,estando mortos

morrendo na luz ,despertaremos vivos

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem dúvida bem bonito.Obrigada pela partilha.(Aurora)