A única vez que vi o Padre Américo era criança e a imagem que me ficou gravada foi a da sua capa preta,estendida à porta da igreja,em súplica de ajuda,para os mais desgraçados,os mais abandonados,depois de ter incendiado os corações com o anúncio dos dois mandamentos do AMOR,que por tão semelhantes, se confundem num,tornando-se inseparaveis.
Os Evangelhos rompem da palavra do Padre Américo,da sua escrita,da sua vida num caudal de água clara e rutilante .
É bem actual a sua doutrina revolucionária,em revolução de Amor na alba da vida humana,fermento fecundo na sociedade ferozmente neoliberal,de materialismo desenfreado,a que corresponde não poucas vezes uma espiritualidade desencarnada ,que se desfaz em longas litanias complicadas e entorpecentes .
Que acutilante a defesa da cultura de vida,da vida que nos foi dada para a termos em abundância,defendendo o direito de nascer ,mas defendendo com a mesma veemência o direito a que essas vidas se mantenham ,ao longo do seu curso,em condições de dignidade,para que as campanhas contra o aborto não resultem em aparências, que roçam a hipocrisia.- Que verdadeiro sentido do que deve ser a nossa passagem,emana de toda a sua vida gasta a servir e não a ser servido,tal como o Mestre ensinou.
É esta uma das preces do Padre Américo para nos escancarar os olhos para as omissões de cada dia:“Senhor da infinita justiça,Justo Juiz da minha hora derradeira,que eu tenha sempre zelo verdadeiro pela sorte dos meus irmãos,que ninguém no mundo seja capaz de apagar,nem sequer de mitigar a fome e sede de Justiça que me devora.Que eu conheça,Senhor,para aborrecer,os actos de injustiça do homem contra vós,meu Deus”