Eu amo-Vos Jesus pela multidão que se abriga dentro de vós, que ouço, com todos os outros seres, falar, rezar, chorar, quando me junto a Vós.
TEILHARD DE CHARDIN

terça-feira, 12 de abril de 2016

Pedro, tu amas-me?

III Domingo de Páscoa - reflexão do Padre Ronchi,pregador do retiro espiritual de Quaresma do Papa Francisco.

Uma manhã nas margens do lago, depois de Jesus preparar a comida, como o faria uma mãe, para os seus amigos que voltavam de uma noite frustrada, aconteceu o estupendo diálogo entre o Ressuscitado e Pedro, elaborado com olhos à altura do coração. As três perguntas iguais e de cada vez diferentes, constituem o mais belo diálogo de toda a literatura mundial: Simão de João és mais meu amigo do que todos? Amas-me ? Queres-me bem?
Jesus ressuscitou, estava a voltar para o Pai, e no entanto implora amor, amor humano. Ele que havia dito a Madalena: “não me retenhas, devo ir”, é por sua vez retido sobre a terra por uma necessidade, uma fome humaníssima e divina. Poderá ir quando estiver seguro que será amado.

Tenho que ir e deixo-vos uma pergunta: suscitei amor em vós?
Não pergunta a Pedro, compreendeste a minha mensagem? Ficou claro o que fiz ? Devo fazer o anúncio a outros ? As sua palavras ultrapassam as expectativas : eu deixo todo um amor, não doutrinas, não um sistema de pensamento, nem sequer um projecto de qualquer outro tipo. O meu projecto, a minha mensagem é o amor.
Jesus , Mestre de humanidade, usa a linguagem simples dos afectos, pergunta que ressoa sobre a terra infinitas vezes,sob todos os céus, na boca de todos os apaixonados, que não se cansam de interrogar e de querer saber: Amas-me ? Queres-me bem?
Simplicidade extrema de palavras que nunca são suficientes, porque a vida tem uma fome insaciável delas; perguntas e respostas que até uma criança compreende porque é aquilo, que ouve a mãe dizer em cada dia. Uma linguagem com raízes profundas da vida, que coincide com a linguagem religiosa. Prodigiosa simplificação : as mesmas leis regem a vida e o Evangelho, o coração e o céu.
O milagre é que a minha fraqueza incurável, toda a minha fadiga para nada, as noites de pesca sem fruto, as traições, não são uma obsessão para o Senhor, mas uma ocasião para fazer coisas novas, para estar bem com Ele, para compreender melhor o seu coração e renovar a nossa opção por Ele.
É isto o que interessa ao Mestre: reacender a mecha da chama amortecida (Is 42,3), um coração reaceso, uma paixão ressuscitada: “Pedro, tu amas-me agora ?”. Santidade é renovar a paixão por Cristo, agora. A Lei é toda precedida de um “és amado” e seguida de um “amarás”. Ser amado, fundamento da lei, amarás, o seu cumprimento. Alguém que afaste a lei deste fundamento amará o contrário da vida (P.Beauchamp).
Meditação sobre o III Domingo de Páscoa do Padre Ronchi,que tentei traduzir, dado a profunda mensagem de ânimo ,de esperança, de conversão que nos deixa.

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